Amizade nossa ele não queria acontecida simples, no comum, no encalço. Amizade dele, ele me dava. E amizade dada é amor. G. Rosa

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O julgamento

Uma maré de leis

Adormecidas em papéis

Uma severidade de martelo

Martela a sala

E o réu treme o cabelo

E se cala!

A toca do Juiz ajuiza

Uma sentença

De laboratório

O réu suspira um murmúrio

De esperança

E o Juiz ajuiza a causa!

Meritíssimo, o réu é inocente

Bradará a voz do céu

Na voz da gente

Da defesa do réu

E o Juiz ajuiza soberano

Montado no trono!

Meritíssimo, elevados

E importantes serviços prestou à nação

O réu. Rogamos absolvição

Bradarão advogados

O martelo da justiça martela

E a sala se cala:

Conduzam o réu à cadeia!

Sentenciará uma (in)justiça

De sentença

A multidão das gentes

Em surdina protesta e vaia:

Inocente, inocente, inocente…

O martelo da (in)justiça pavoneia

E (re)sentencia

Insistente:

Conduzam o réu à cadeia!

Inocente, inocente, inocente…

Clamará a surdina de enfurecida gente

Luanda, 26 de setembro de 2007.


Décio Bettencourt Mateus (Angola)

in "Xé Candongueiro" (cerimónia de lançamento efectuada em Luanda a 21 de Janeiro 2010)

NOTA DO QUIPROCÓ: Estou a publicar esta poesia do poeta  angolano Décio Bettencourt, de quem tenho lido lindos poemas. Tenho muita alegria em indicá-lo aos amantes das letras.
Também, vou fechar esta página com um vídeo onde é apresentado a REBITAS ( tradicional dança angolana) com o grupo Jovem Porto.

Um comentário:

  1. Quiprocó: muita me alegra encontrar por cá este poema de minha autoria. Muito agradeço. Apenas uma correcção: "O Julgamento", é o título correcto do poema.

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