Uma maré de leis
Adormecidas em papéis
Uma severidade de martelo
Martela a sala
E o réu treme o cabelo
E se cala!
A toca do Juiz ajuiza
Uma sentença
De laboratório
O réu suspira um murmúrio
De esperança
E o Juiz ajuiza a causa!
Meritíssimo, o réu é inocente
Bradará a voz do céu
Na voz da gente
Da defesa do réu
E o Juiz ajuiza soberano
Montado no trono!
Meritíssimo, elevados
E importantes serviços prestou à nação
O réu. Rogamos absolvição
Bradarão advogados
O martelo da justiça martela
E a sala se cala:
Conduzam o réu à cadeia!
Sentenciará uma (in)justiça
De sentença
A multidão das gentes
Em surdina protesta e vaia:
Inocente, inocente, inocente…
O martelo da (in)justiça pavoneia
E (re)sentencia
Insistente:
Conduzam o réu à cadeia!
Inocente, inocente, inocente…
Clamará a surdina de enfurecida gente
Luanda, 26 de setembro de 2007.
Décio Bettencourt Mateus (Angola)
in "Xé Candongueiro" (cerimónia de lançamento efectuada em Luanda a 21 de Janeiro 2010)
NOTA DO QUIPROCÓ: Estou a publicar esta poesia do poeta angolano Décio Bettencourt, de quem tenho lido lindos poemas. Tenho muita alegria em indicá-lo aos amantes das letras.
Também, vou fechar esta página com um vídeo onde é apresentado a REBITAS ( tradicional dança angolana) com o grupo Jovem Porto.
AQUI SE CRUZARÃO CAUSOS, DESABAFOS, COMENTÁRIOS, UNS DEDIN DE PROSA, BREJEIRICES, QUIÇÁ UMA OU OUTRA PARLENDA; MOMENTOS ALEGRES, OUTROS NEM TANTO; MOMENTOS POÉTICOS, OUTROS MAIS POLÍTICOS E MUITAS, MAS MESMO MUITAS GAIATICES. ENFIM, CRUZAR-SE-ÃO OS NOSSOS PONTOS DE VISTA OU NÃO!
Amizade nossa ele não queria acontecida simples, no comum, no encalço. Amizade dele, ele me dava. E amizade dada é amor. G. Rosa
Quiprocó: muita me alegra encontrar por cá este poema de minha autoria. Muito agradeço. Apenas uma correcção: "O Julgamento", é o título correcto do poema.
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