Amizade nossa ele não queria acontecida simples, no comum, no encalço. Amizade dele, ele me dava. E amizade dada é amor. G. Rosa

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Praia de Costa Dourada - Bahia


             A praia de Costa Dourada fica  na divisa dos estados da Bahia e Espírito Santo. Pertence a cidade de Mucuri - Bahia e  dista  37 km da BR 101. O acesso se dá saindo da estrada principal (BR 101)  bem no distrito de Itabatã  pegando uma   estradinha  de chão. É tranquilo o percurso.
            O local impressiona pelas  falésias coloridas medindo mais de 10 metros de altura. Lá é onde o  mar  é aberto,  a água é quente e a areia branca da praia  com o  azul  do mar formam um cenário exuberante.




         A praia Dois é a mais bela.  Durante a maré alta a areia represa um riacho formando uma lagoa de água salgada onde se pode banhar tranquilamente. Neste local, não há barraca nenhuma na praia. Aliás, lá  são as praias ainda sem donos. Se se pretende demorar é aconselhável levar isopor com lanche, água e outras bebidas. Para chegar lá só de automóvel ou moto. É uma praia  limpa adequada para banhos e relaxamento do corpo e da alma. 
           Já  a impressão  que se tem da praia de mais fácil acesso no  local, é de que seja suja. As águas do riacho que cortam o fundo de uma pousada e restaurante e que caem no mar, naquele ponto é de um aspecto nojento. E não é por ser mangue, não. Há uma clara indicação que os  usuários deste local parecem não ter uma consciência ecológica.  O que é uma pena, dada a beleza do local.




            A praia dos coqueiros recebe os nativos da região de Itabatã e outros distritos da região foi o que deduzimos após uma rápida sondagem . É um pedaço  bonito da região onde um riacho corre afoito para o mar. Durante a semana e longe de feriados talvez se possa aproveitá-la melhor.
             A praia do Sossego não faz jus ao nome. É um pouco longe do condomínio (Costa Dourada é um 'Condomínio') da área principal. O acesso se dá por estrada de chão entre os eucaliptos. O local é barulhento, há um buteco onde se toca uma música de gosto suspeito, os  aspectos sanitários não são melhores.
               Quanto a infraestrutura, não há. Toda sorte, para comer existe o  restaurante  do Cláudio que serve peixes e carnes (a la carte). Nos feriados, pico de temporada é demorado para sair a refeição, contudo vale a pena esperar.
            Na pousada do velho Sal ( oferece área para camping), também sai uma comidinha. Mas tudo é conversado antes. Tem café da manhã, tv, banho quente e geladeira. (73) 99716543 (73) 8165-9591 Além disso podemos dizer que o Velho Sal é um dos  mais simpático de lá.
            Outra pessoa bacana é o Marcio. Ele deixou BH  faz 20 anos, para viver em Costa Dourada. Um jovem muito atencioso e que tem alguns apartamentos  num espaço gostoso, virado para o mar... Ele fecha para pacotes. Tem uma cozinha e daí se o grupo quiser cozinhar ( que para lá, até agora foi a melhor opção que achei) já acerta tudo antes. Os contatos  com Márcio podem ser feitos pelos números (31) 9277 0707 ou  (73) 3206 5114.
            Perto do Marcio, tem a pousada do Mazinho. Parece bem pequena, mas é a primeira do lugar com ar condicionado. Não tivemos contato com o Mazinho.
              Há também a pousada do fim do mundo e a pousadinha onde não tivemos acesso. E só.
          Não há iluminação direito, ainda. Só nas pousadas.  A rede é de 220 W. Não tem  barzinho bacana, nem mercearia, nem farmácia, nem gelo para vender.
          Mais recentemente um grupo de praticantes de voos com parapentes, tem aparecido por lá, onde os ventos são favoráveis à pratica deste esporte.
            Apesar da falta de estrutura vale a pena conhecer o lugar. É lindo. Talvez eu volte lá um dia, quem sabe eu volte.

rio praia dos coqueiros
Praia dois


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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Flor do Jequi. Novo trabalho de Déa Trancoso




'Flor do Jequi' reúne Déa Trancoso, Paulo Bellinati e o rico universo sonoro do sertã  mineiro,

 em especial do Vale do Jequitinhonha (terra natal de Déa).


sábado, 18 de agosto de 2012


Essa conversa não é sobre você

Querido estudante branco, de classe média, que faz cursinho pré-vestibular particular: eu sei que é difícil quando alguém nos faz enxergar nossos próprios privilégios, mas deixa eu tentar mais uma vez.
Eu (e mais uma penca de gente, me arrisco a dizer) não me importo com o quão “difícil” será para você entrar naquele curso de medicina mega concorrido com o qual você sonha, porque, simplesmente, esta conversa não é sobre você.
Eu sei que praticamente todas as conversas deste mundo são sobre você e você está acostumado com isso, então deve ser um baque não ser o centro das atenções. Mas, seja forte! É verdade: nós não estamos falando sobre você.
Quando você chora pelo sonho que agora parece mais distante de se realizar, suas lágrimas não me comovem. Porque o que me comove são as lágrimas daqueles que nascem e crescem sem qualquer perspectiva para alimentar o mesmo sonho que você. É sobre essas pessoas que estamos falando e não sobre você.
Quando você esperneia pelos mil reais gastos todos os meses com a mensalidade do seu cursinho e que agora se revelam “inúteis”, eu não me comovo. Porque o que me comove são as milhares de famílias inteiras que se sustentam durante um mês com metade da quantia gasta em uma dessas mensalidades. É sobre essas pessoas que estamos falando, não sobre você.
Quando você argumenta que, na verdade, seus pais só pagam seu cursinho porque trabalham muito ou porque você ganhou um desconto pelas boas notas que tira, eu não me comovo. Porque o que me comove são as pessoas realmente pobres, que mesmo trabalhando muito mais do que os seus pais, ainda assim não podem dispor de dinheiro nem para comprar material escolar para os filhos, quem dirá uma mensalidade escolar por mais barata que seja. É sobre essas pessoas que estamos falando, não sobre você.
Quando você muito benevolente até admite que alunos pobres tenham alguma vantagem, mas acredita ser racismo conceder cotas para negros ou outros grupos étnicos eusa até os dois negros que você conhecem que conseguiram entrar numa universidade pública sem as cotas, como exemplo de que a questão é puramente econômica e não racial, eu não me comovo. Na verdade, eu sinto uma leve vontade de desistir da raça humana, eu confesso, mas só para manter o estilo do texto eu preciso dizer que o que me comove é olhar para o restante da sala de aula onde esses dois negros que você citou estudam e ver que os outros 48 alunos são brancos. E olhar para as estatísticas que mostram a composição étnica da população brasileira e contatar a abissal diferença dos números. É sobre os negros que não estão nas universidades que estamos falando, não sobre você ou seus amigos.
Se a coisa está tão ruim, que tal propormos uma coisa: troque de lugar com algum aluno de escola pública. Já que não é possível trocar a cor da sua pele, pague, pelo menos, a mensalidade para que ele estude na sua escola e se mude para a dele. Ou, seja a cobaia da sua própria teoria. Já que você acredita que a única ação que deveria ser proposta é melhorar a educação básica: peça para o seu pai investir o dinheiro dele em alguma escola, entre nela gratuitamente junto com alguns outros alunos, estude nela durante 12 anos e então volte a tentar o vestibular. Ah, você não pode esperar tanto tempo? Então, porque os negros e pobres podem esperar até mais, já que todos sabemos que o problema da má qualidade da educação básica no Brasil não é algo que pode ser resolvido de ontem pra hoje?
Então, por favor, reconheça o seu privilégio branco de classe média e tire ele do caminho, porque essa conversa não é sobre você. Já existem espaços demais no mundo que têm a sua figura como estrela principal, já passou da hora de mais alguém nesse mundo brilhar.
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Paulo Bellonia
-Estudante de Ciências Sociais da UFMG
-Membro do Centro Acadêmico de Ciências Sociais - CACS (Gestão "Nosso Canto")


"Enquanto o mundo moderno produzir a miséria, como um inseto destila o seu veneno, o cristão não tem o direito de dormir o sono de sua indiferença"
(Jacques Maritain)

Mas alguém dirá: "Você tem fé; eu tenho obras". Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” Tiago 2:17-18

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sobre o bicho da Carneira...

 Lógico que este artigo me remeteu à minha infância e seguramente alguns amigos haverão de querer ler  sobre lobisomem do Jequitinhonha. Bom texto gente, aprecia aí.

Em sua versão mais conhecida, o Bicho da Carneira, ou Joaquim Antunes de Oliveira, surge como um cachorro grande no fim da tarde ou à noite

Luís Carlos Mendes Santiago

  • Um personagem histórico pode se tornar um mito. Mas uma pessoa de carne e osso pode virar assombração? Foi o que aconteceu com o mineiro Joaquim Antunes de Oliveira. Após sua morte, ele foi transformado pela imaginação popular no temível Bicho da Carneira.
    Se há um monstro que aterroriza as crianças do Vale do Jequitinhonha e de boa parte das regiões vizinhas, em Minas e na Bahia, é o Bicho da Carneira, também chamado de Bicho da Fortaleza, Bicho de Pedra Azul, Bicho da Rodagem e Lanudo. Esse monstro da mitologia popular assume diferentes formas. A mais frequente é a de um cachorro preto e grande que aparece ao entardecer ou depois que a noite cai. Também é descrito como a figura de um lobisomem ou animal peludo desconhecido na nossa fauna – o Lanudo –, ou um homem sedutor, ou um personagem misterioso que traja capa escura e aparece nas noites sem lua, ou ainda como uma pessoa comum. O comportamento também varia: o que usa capa realiza operações mágicas e seduz mocinhas; o homem comum é reconhecido pelo apetite fabuloso e pela menção aos familiares; e o animal consome uma quantidade anormal de alimentos, abate bezerros, ataca cachorros, mata e deixa feridos, muitos de uma vez só. E as mães ameaçam as criancinhas com aparições desse monstro se não dormirem cedo.
    Esse monstro foi um dia Joaquim Antunes de Oliveira, nascido em 1799, no norte de Minas Gerais, entre os rios São Francisco e Jequitinhonha. Teve três esposas, Francelina, Bernardina e Manoela, que lhe deram 15 filhos. Viveu na região de São José do Gorutuba, próximo à Janaúba de hoje, área então pertencente ao município de Grão Mogol. Dali se mudou, na década de 1860, para a nascente povoação de Catingas, e depois para Fortaleza, hoje Pedra Azul, onde faleceu no final do século XIX. O genealogista que registra o ano do seu nascimento, Valdivino Pereira Ferreira, também anota o ano em que morreu, 1876, mas sua assinatura ainda aparece em livros cartoriais da cidade de Jequitinhonha na década de 1880.
    Existe uma explicação para a transformação de Joaquim Antunes em monstro: ele foi enterrado no pequeno cemitério de Catingas, que ficava na praça principal do povoado, e foi objeto de disputas políticas que determinaram seu deslocamento, já em 1919, para local mais afastado. Seus restos foram então transferidos para a nova sepultura, que misteriosamente rachou. Além disso, apareceram pelos de animal entre as fendas. A sepultura foi reparada, mas as rachaduras voltaram a surgir mais de uma vez, também misteriosamente. Na mesma época, na Fazenda Gameleira, onde Joaquim vivera, sumiu uma banda de porco. Estava criada a lenda.
    Na área rural de Pedra Azul, muitos dos moradores mais velhos já viram o Bicho da Carneira. Em geral, não há interação: é um cão preto que passa ou um homem trajando capote. Mas existem narrativas em que o Bicho aparece criando situações inusitadas. Em Teófilo Otoni e Montes Claros, contam que um homem foi a uma pensão e pediu jantar para várias pessoas. Só que ele comeu toda a comida sozinho e pediu que mandasse a conta para seus parentes da família Antunes. Mas há quem diga que se trata de um golpe para tirar dinheiro de gente supersticiosa.
    Já próximo a Estiva (distrito de Jequitinhonha), o “causo” foi diferente: um fazendeiro viu um cão devorando uma rês de madrugada. Em seguida, o animal tomou a forma de Joaquim Antunes, que ele conhecera em vida. Como o fazendeiro estava armado, a assombração não titubeou: perguntou se teria coragem de atirar nele.
    Reza a lenda que o monstro assombra a própria família. Em Caraí, na véspera do casamento de um dos Antunes, ouviu-se um barulho vindo da despensa. Era um animal grande, e ninguém teve coragem de abrir a porta. Quando o barulho cessou, tiveram uma surpresa: os bois e porcos abatidos haviam sido devorados pelo Bicho.
    Há outras versões sobre a formação do mito. Uns dizem que Joaquim era muito bonito e que fugiu com aquelas que depois vieram a ser suas esposas, e isso teria criado uma aura mágica em torno dele. Outros dizem que, nos últimos anos de vida, padeceu de uma doença tratada com mercúrio, e por isso seu quarto ficou impregnado de um cheiro muito forte, o que impediu que recebesse os mínimos cuidados: cabelos, barba e unhas deixaram de ser cortados, tornando sua aparência aterrorizante. Também conta-se que os pelos na rachadura do túmulo eram de animais entrando e saindo. Mas a história que mais se difundiu foi a de que batera em sua mãe, em quem colocou sela e montou. Ela o teria amaldiçoado com esse terrível destino no além-túmulo.
    Outra hipótese, mais plausível, aponta para o fato de Joaquim Antunes pertencer a uma família ainda hoje consciente de suas origens hebraicas, a dos Antunes de Oliveira, que se internou nos sertões baianos ainda no século XVII para fugir da perseguição da Inquisição. Essa caçada à família Antunes teria sido motivada pela existência, entre os antepassados, de um cristão-novo de ascendência hebraica chamado Heitor Antunes. Nos anos de 1591 e 1592, quando o Brasil recebeu a visita do inquisidor Heitor de Mendonça, apurou-se que o finado Heitor Antunes, dono de engenho em Matoim, no Recôncavo Baiano, mantinha uma série de costumes judaizantes. Ele viera para o Brasil em 1558, falecendo em 1576. As investigações do inquisidor mostraram que chegou a instalar uma sinagoga no seu engenho, e que se dizia sacerdote do rito hebraico e descendente dos Macabeus, dinastia levita que lutou contra a dominação helênica em Israel (século II a.C.) e governou o país até pouco antes da era cristã.
    Heitor Antunes havia falecido, mas isso não impediu que sua viúva, Ana Roiz, já bastante idosa, fosse levada para os calabouços do Santo Ofício, em Lisboa, onde morreu pouco tempo depois. Alguns dos filhos e netos de Heitor e Ana se mudaram para os sertões, onde a Inquisição era menos atuante, e dos sertões baianos, um ou mais ramos da família passaram à recém-criada capitania de Minas Gerais, ainda no século XVIII, estabelecendo-se na região de Lençóis do Rio Verde, hoje Espinosa, situada na bacia do São Francisco. Dali, alguns foram para a região de Itacambira e Grão Mogol, em busca de ouro e de diamantes, de onde a família se irradiou, ao longo do século XIX, para Piedade, hoje Turmalina, Itinga, Jequitinhonha e Pedra Azul, seguindo, já no século XX, para Medina, Joaíma, Almenara e Jordânia.
    Nessa família, até meio século atrás, eram habituais a endogamia, o uso de homônimos e certo comportamento arredio, derivado do estigma de cristão-novo, características incomuns que contribuíram para o surgimento e a propagação da lenda. Os Antunes mais velhos repreendem os mais jovens quando fazem qualquer referência ao Bicho, mas isso não impediu que, em 1989, o músico Heitor de Pedra Azul e seu primo Edmundo Antunes de Almeida organizassem a festa “Antunes recebe Antunes”, que tinha o slogan “É isso aí, bicho!” e reuniu muitos descendentes de Joaquim Antunes. O evento deu ensejo ainda à publicação de um livro com informações sobre o Bicho da Carneira e sua árvore genealógica.
    A popularidade desse monstro cresceu com o passar do tempo. Seu nome original, Bicho da Carneira, continua sendo o mais utilizado, mas, ao se difundir, o monstro passou a ser denominado Bicho da Fortaleza ou Bicho de Pedra Azul. O termo Lanudo é raramente empregado, e Bicho da Rodagem tem seu uso restrito a Almenara, onde ele surge na estrada que leva a Pedra Azul. Conta-se ainda que o Bicho não aparece em Itinga, apesar do grande número de parentes que tem ali, devido a uma procissão anual que circunda a cidade, criando um perímetro de proteção. O bairro do Porto Alegre, do outro lado do Rio Jequitinhonha, que foi recentemente unido ao restante da cidade por uma ponte, não conta com esse entorno e está, portanto, vulnerável às aparições do monstro.
    As histórias em torno do Bicho de Pedra Azul demonstram que, apesar de o nosso tempo ser caracterizado pela racionalidade, o imaginário das populações continua criando mitos. Com isso, a tradição popular permanece em constante processo de criação e recriação, pelo menos no Vale do Jequitinhonha, região conhecida por sua notável vitalidade cultural.

    Luís Carlos Mendes Santiagoé coautor de Pedra Azul – Cinco visões de uma cidade. Prefeitura Municipal de Pedra Azul: jornal Boca das Caatingas, 1996.

    Saiba Mais - Bibliografia
    GRINBERG, Keila (org.). Os judeus no Brasil – Inquisição, imigração e identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
    NOVINSKY, Anita. Cristãos-novos na Bahia. São Paulo: Perspectiva, 1972.
    SOBREIRA, Caesar. O nordeste semita – Ensaio sobre um certo nordeste que em Gilberto Freyre é também semita. São Paulo: Global, 2010
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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

UM CAFUNÉ MÃEZINHA...



cafuné mãezinha

Um cafuné na minha carapinha

Mimos e carícias nos meus cabelos

Numa brincadeira de assim

... ... Meu cabelo ruim

E teu cafuné a embalar meus pesadelos!



Um cafuné na minha carapinha

Teus dedos mãezinha, rios

E estrelas nos receios

E caminhos dos meus cabelos

Teus dedos tranquilos

A me afagarem assim mãezinha!



Um cafuné a embalar meus medos

E o amor a brotar e a jorrar

Na minha carapinha

Que eu oiço a voz do luar

Mãezinha

Oiço o luar nos teus dedos!



Um cafuné e conta-me estórias

E sabedorias:

“Era uma vez, o coelho e o macaco…”

Uma estória de carapinha

A adormecer noitinha

E eu durmo o embalo do teu cântico!



Os caminhos do dia correm pantanosos

Os silêncios da noite misteriosos

Eu em medos e manias

À espera das tuas estórias

Teu cafuné mãezinha

A adormecer-me a carapinha!



Oh! A noite é dura

E eu durmo insónias na noite escura

A sonhar teu cafuné mãezinha

Minha carapinha castanha

Meu cabelo ruim

À espera mãezinha, num cafuné de assim!



Um cafuné mãezinha

Um cafuné na minha carapinha!



Décio Bettencourt Mateus fez esta poesia certamente pra sua mãe, mas como a poesia nao pertence ao poeta e sim a quem precisa dela, peço licença a Décio pra mandar uma homenagem a minha maezinha nesta tarde de muita chuva... saudade Veinha, saudades de voce! Deus que lhe cuide sempre onde a senhora estiver aceita meu beijo melhor...
Sua filha que muito lhe ama.... esqueça disso nunca... Eu amo vc minha maezinha.....


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Bi Kidude e sua música


Tão velho como  a minha  língua


Fatuma Binti Baraka, também conhecida por Bi Kidude, a rainha do Taarab, género musical de Zanzibar. Ninguém sabe ao certo quando nasceu, sabe-se que tem 93 anos, ainda repletos duma energia fabulosa, basta vê-la cantar, dançar e tocar um tambor unyago que segura entre as coxas.


Por falar em coxas. Unyago, é um ritual antigo, exclusivo para raparigas, onde se preparam as adolescentes para a puberdade e a forma de melhor disfrutar da sua sexualidade. Bi.Kidude é uma das poucas mulheres que peritas neste ritual, onde também, as educa contra a opressão e os abusos sexuais, numa alusão à sua vida e o modo como a enfrentou.


Ritmos tradicionais, passos de dança baseados nos movimentos dos chimpanzés. De liberdade, emancipação, satisfação. Prazer.


Fonte: Textículos


Bi Kidude é considerada por muitos, a artista musical viva, mais velha do mundo. Não se sabe a data exacta do seu nascimento, o que ajuda a criar a sua aura mítica. Alguns sites dizem que ela tem 93 anos, outros especulam de que ela terá pelo menos 100 anos. De qualquer das formas, a sua carreira musical tem mais de cinco décadas.

Gravou o seu primeiro albúm a solo “Zanzibar” em 1999. Em 2005 ganhou o prestigiado prémio WOMEX, pelo seu percurso musical e contribuição para a World Music.


O documentário “As Old as My Tongue: The Myth and Life of Bi Kidude” entrou para o circuíto dos festivais de cinema e foi tremendamente aclamado. O documentário acompanha Bi Kidude ao longo de três anos, desde a sua terra natal Stone Town em Zanzibar, até aos palcos de Paris.


                    Tão velho como a minha língua.