Amizade nossa ele não queria acontecida simples, no comum, no encalço. Amizade dele, ele me dava. E amizade dada é amor. G. Rosa

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dermatogista de salão

Acontece cada coisa em Eunápolis:
No salão a cliente entra para cortar os cabelos e relata a cabeleireira, que seus cabelos estão caindo demais.
A Cabeleireira por sua vez, pega alguns fios com ar de analista e os observa um tempo em silêncio.
A seguir mexe e remexe os cabelos da sobrancelha da cliente e agora, pede a ela que mostre os cotovelos e um a um os examina, esfrega os com a ponta dos dedos para finalmente dizer o diagnóstico: “Você está com dermatite de stress, a partir de hoje voce virá lavar os cabelos aqui com os produtos que nós usamos. Já, agora, comecemos o seu tratamento".
Que meda!

terça-feira, 27 de abril de 2010

25 de abril....



Com essa canção, entoada pelo falecido José Afonso (popularmente conhecido por Zeca Afonso, que foi  também professor de português ), foi dado o sinal para o fim do fascismo em Portugal, num movimento político importante que iria ter reflexos na independência de Moçambique a 25 de Junho de 1975.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O planeta reage aos desertos verdes

No mês de mobilização do MST, revelamos uma face pouco conhecida da luta contra o latifúndio: o esforço internacional de conscientização que está denunciando a monocultura do eucalipto – e os desastres sociais e ambientais hoje associados a ela



(23/04/2010)

Nascida nos Estados Unidos, filha de pai holandês e mãe indiana, Ruby van der Wekken passaria por uma morena brasileira. Aliás, viveu, entre 2002 e 2005, em Alter do Chão (PA), participando, com o marido, de um projeto de cooperação internacional. Fisicamente, está agora em Helsinque, Finlândia. Mas seus sonhos e sentimentos não deixaram o Sul. Em 31 de março, Ruby ajudou a organizar uma ruidosa manifestação na sede da Stora Enso (ela envia a mensagem final, no vídeo abaixo). A maior produtora mundial de papel, de capital finlando-sueco, realizava na capital finlandesa sua assembleia anual de acionsitas. Do lado de fora, Ruby e seus companheiros denunciavam o envolvimento da empresa em formação de latifúndios, aquisição ilegal de propriedades, violência contra trabalhadores rurais e boicote à reforma agrária, no Brasil.


Os textos que a Biblioteca Diplô e Outras Palavras publicam agora, sobre o tema, são uma continuação, no plano do debate de ideias, da luta pedagógica de Ruby. Foram produzidos por jornalistas finlandeses do Le Monde Diplomatique e da revista Voima, com os quais nossos sites mantêm acordo de reprodução de conteúdos livre de copyright. Revalam a existência, nos países do Norte, de setores da opinião pública interesados em romper as cadeias internacionais de produção e consumo alienados que oprimem as maiorias no Sul.

Redigido por Hanna Nikkanen, de Voima, o primeiro texto é uma denúncia da ação da Stora Enso no Brasil (algo desconhecido pela esmagadora maioria dos brasileiros). Em poucas páginas, ácidas e riquíssimas em fatos, Hanna desfaz o mito de “responsabilidade social” a que a Stora Enso está procurando se associar, na Finlândia e em todo o mundo. Por trás desta imagem, relata o texto, a empresa reproduz um velho modelo de concentração de riquezas. Desloca para os países em desenvolvimento (América do Sul e China) as atividades mais sujas ambiental e socialmente. Concentra, contudo, todas as decisões estratégicas no andar de cima do planeta.

O rol das atividades executadas, para tanto, inclui posse disfarçada de terras em zonas de fronteira (o que a lei brasileira veda a estrangeiros). Atravessa as próprias eleições brasileiras (A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, é muito grata às contribuições eleitorais da Stora Enso; e a polícia militar sob seu comando, particularmente violenta, quando os sem-terra enfrentam a companhia...). Chega à política empresarial de manter as plantações de árvores no Brasil (onde terra e trabalho são muito mais baratos) e exportar, para a Finlândia, pasta de celulose não-industrializada. A etapa mais lucrativa da produção de papéis finos mantém-se na matriz.

Hanna relata, ao final, o desmascaramento de uma mentira. A política de “limpeza de imagem” da Stora Enso incluía uma difamação. O Movimento dos Sem-Terra (MST), que resiste às relações de exploração praticadas pela transnacional precisava ser demonizado. Para tanto, João Paulo Rodrigues, um dos líderes nacionais do movimento, foi acusado, no principal diário finlandês, de “exigir” que a empresa se retirasse do Brasil. Em caso de negativa, teria prometido desencadear violência e até mortes. Hanna participou ativamente, como se lê em seu texto, da desmontagem da farsa.

O segundo texto, de Mika Ronkko (editor do Le Monde Diplomatique finlandês e marido da ativista Ruby van der Wekken) é uma entrevista com o próprio João Paulo Rodrigues e João Pedro Stédile, também referência nacional do MST. Nas conversas com Mika, Stédile e Rodrigues deixam claro que a luta dos sem-terra não é contra o eucalipto, seu plantio ou a fabricação de papel no Brasil. O que eles querem é rever é a forma de cultivo e, em especial, as relações sociais que ela gera.

Papel, um dos usos do eucalipto1 e o produto final da Stora Enso é um bem necessário. Poderia ser consumido de forma mais racional e austera, evitando a necessidade de ampliar a exploração dos solos águas. Mas, acima de tudo, não precisa ser cultivado em latifúndios, nem como monocultura – um atentado à diversidade natural do campo.

“Um pequeno produtor poderia cultivar, digamos, dois hectares de eucalipto, numa propriedade de dez hectares”, sugere Stédile. Plantaria, além disso, alimentos. Ao invés de comprar imensas áreas, a empresa estabeleceria relações com milhares de pequenos produtores.

Perfeitamente viável, do ponto de vista técnico, a idéia não é executada por esbarrar num obstáculo político. O capital não existe para fazer caridade. Enquanto as sociedades não se conscientizarem e mobilizarem, sua tendência será sempre extrair o máximo lucro – sejam quais forem as consequências sociais e ambientais.


O mês de mobilizações do MST revela, mais uma vez, que uma parcela crescente dos agricultores brasileiros já não aceita estas circunstâncias. É estimulante saber que o mesmo se dá nos países onde estão sediadas as empresas que promovem desigualdade e devastação. (Antonio Martins)



Nórdica, discreta e… voraz! Retratos da Stora Enso

Por Hanna Nikkanen*




A Stora Enso, gigante sueco-finlandesa da indústria “florestal”, está conquistando o Brasil em alta velocidade. A ação envolve múltiplos problemas, mas nem os acionistas, nem os consumidores parecem peocupados. A América do Sul poderá ser um Oeste Selvagem para a indústria do papel, baseada no eucalipto?



Há cerca de uma década, o exótico eucalipto foi o imã que atraiu os gigantes ocidentais da indústria florestal e do papel para o calor das disputas por terra, corrupção e acusações de crime ambiental na América do Sul e no Extremo Oriente. O desejo eram lucros rápidos.



A produção desloca-se para o Sul, mas o centro de decisões permanece no Norte distante. Neste arranjo, é impossível controlar todos os elos da cadeia de produção. Há sempre pontos cegos. A informção sobre problemas nas plantações do Sul quase nunca chega aos ativistas ou à midia do Norte. Quando isso acontece, a falta de contexto torna impossível desencadear as ações necessárias. Políticos, acionistas e consumidores do Norte ficam sem condições de atuar.



Esta desconexão fez do Sul, durante uma década, o Oeste Selvagem para a indústria de reflorestamento. Quando as leis eram violadas, ou as tensões locais transformavam-se em conflitos, não havia, nos países-sedes, riscos de demissão de dirigentes nem de boicotes de consumidores.



A Stora Enso, finlando-sueca, é uma das muitas grandes empresas que migraram para o Sul, em busca de matérias-primas baratas. É também uma das grandes companhias obrigadas a enfrentar o fato de que os tempos de Oeste Selvagem estão terminando. ONGs suecas e finlandesas e estão somando forças para que a opinião pública dos dois países preocupe-se com a imagem da empresas. Ela responde com uma campanha agressiva de lavagem de imagem.


Com o enorme crescimento das plantações destinadas à produção de celulose, é pouco provável que as disputas entre as corporações e os camponeses se atenuem. Porém, estas disputas envolveram, na última década, muito mais que disputas locais, no Sul ou no Norte. Elas dizem respeito a uma batalha constante sobre o controle de o que atrai a atenção da mídia no Norte e o que ocorre de fato no Sul.


Storalândia, Brasil


No sul do Brasil, a companhia nórdica de reflorestamento reina. Conflitos nas plantações, eleições para governo do Estado e violência contra pequenos agriculturoes são fios da mesma meada


Dia Internacional das Mulheres, 2008. Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.


Trabalhadores em latifúndios protestam contra as plantações de eucalipto da Stora Enso. Segundo o Movimento dos Sem-Terra (MST), a empresa driblou as leis do país para comprar vastas áreas para suas plantações. Ao final de estranhas aquisições, dois executivos da empresa tornaram-se os dois maiores proprietários de terra do Estado. Por meio de uma companhia de fachada, eles possuem 45 mil hectares de terra que a Stora Enso não poderia legalmente adquirir.



A manifestação termina com um ataque da polícia militar. Quase cem trabalhadoras rurais são feridas por balas de borracha e bombas. A operação é dirigida pelo subcomantante Lauro Binsfeld, chefe da segurança pessoal da governadora Yeda Crusius.

O incidente é destaque nos jornais da Europa. A Stora Enso desculpa-se na mídia finlandesa, mas permanece em silêncio no Brasil.

Agosto de 2009. São Gabriel, Rio Grande do Sul.


Ao menos trinta sem-terras, que haviam ocupado uma propriedade, são feridos num ataque da polícia militar. Houve casos parecidos na área, antes, mas desta vez a violência é ainda mais brutal. Os presos dizem que a PM disparou contra eles com armas que produzem choques elétricos e os obrigou a passar por um “corredor polonês”. Muitos dos detidos exibem ossos quebrados, ao serem libertados.

A operação, assim com outra em Tarumã, no ano anterior, foi conduzida por Lauro Binsfeld, o chefe de segurança da governadora.


Março de 2010. Costa Dourada, sul da Bahia.


A equpe armada de segurança da empresa Fibria abre fogo contra dois pequenos agricultores que recolhiam lenha. Henrique de Souza Pereira, de 24 anos, morre. Osvaldo Pereira Bezerra tem o braço quebado.

A Fibria e parceira da Stora Enso no sul da Bahia.

Com o crescimento das plantações de eucalipto, pequenos agricultores vizinhos acabam recolhendo lenha nas terras de propriedade das empresas de papel. Em seu press-release sobre a morte de Henrique, a Fibria expressa às autoridades do Estado sua preocupação com o aumento do “roubo de madeira” na área, e requer ações para restringir estas “atividades ilegais”.

Yeda Crusius, a governadora do Rio Grande do Sul, é conhecida pelo apoio que dá às megaempresas e por reprimir os protestos dos trabalhadores rurais. É seguro que, em Tarumã, Lauro Binsfeld recebeu da governadora a ordem de atacar; e é muito provável que o mesmo tenha ocorrido em São Gabriel.

A situação no Estado é explosiva. Há muitos trabalhadores rurais desempregados e cerca de 2,5 mil famílias vivem em barracas. Ao mesmo tempo, as aquisições de áreas por parte de grandes empresas estão reduzindo as terras usadas para cultivo de alimentos.

Para os ativistas, estas aquisições, feitas com por meio de testas-de-ferro, são ilegais. A empresa alega que são uma fase necessária, até que as autorizações para compra definitiva sejam concedidas.

As fábricas de celulose que a Stora Enso e empresas associadas a ela estão planejando, em áreas de fronteira no Brasil, Uruguai e Paraguai, vão requerer imensas plantações de eucalipto. As companhias têm enorme influência econômica na área e fazem lobby permanente para que mudanças na lei permitam-lhe adquirir diretamente as terras. Deste ponto de vista, o apoio de políticos como Yeda é ouro.

Um exemplo concreto: em 2006, a Stora Enso e sua companhia-parceira Aracruz doaram à campanha de Crusius, de acordo com os números oficiais, cerca de 300 mil reais.

Yeda Crusius é apenas uma, ente os muitos políticos brasieliros apoiados pela Stora Enso. De acordo com dados oficiais do TSE, a empresa doou em 2006, junto com a Aracruz e a Veracel (que resulta de sociedade entre Stora e Aracruz) cerca de R$ 1,2 milhões para campanhas de políticos brasileiros. As doações da Stora Enso concentraram-se no Rio Grande do Sul. A Veracruz financiou políticos na Bahia, o Estado em que é acusada por crimes ambientais (Mais tarde, a Veracel foi condenada por desmatamento ilegal no sul do Estado e está sendo acusada de pagamento de propinas, no caso).

Em 2009, a ética das doações da Stora Enso a políticos brasileiros foi finalmente questionada na matriz das empresas – por azar, no mesmo instante em que eclodia um escândalo sobre financiamento das eleições na Finlândia. A situação tornou-se ainda mais desconfortável pelo fato de o Estado finlandês ser, com 30% do capital, o maior acionista da Stora Enso.

O escândalo nos países nórdicos foi tão forte que obteve algo não alcançado pelos movimentos que denunciam a Stora Enso no Brasil. A empresa anunciou que vai interromper as doações a campanhas eleitorais no Brasil.

Yeda Crusius continua a governar o Rio Grande do Sul.



[Veja, nos links a seguir, a lista das doações a campanhas eleitorais e suas parceiras no Brasil, em 2006:
                 Stora Enso                                    Veracel                                              Aracruz ]


Florestas, mentiras e fitas de áudio


Há poucos anos, a Sotra Enso era uma gigante da indústria florestal conservadora e desajeitada, cuja estratégia de responsabilidade corporativa era permanecer em silêncio. Agora, tudo mudou. O circo midiático montado no ano passado entre a empresa e ONGs brasileiras diz algo não apenas sobre uma campanha agressiva de lavagem de imagem, mas também sobre os pontos cegos da mídia europeia.


Agosto de 2009. Helsingin Sanomat, o jornal-líder na Finlândia publica, em seu suplemento de domingo, uma longa matéria sobre as ações da Stora Enso no Brasil. Os repórteres fizeram um grande trabalho. Porém, algo me surpreende.


O artigo cita João Paulo Rodrigues, representante do MST, quando encontrou-se, um mês antes, como Eija Pitkänen, responsável por sustentabilidade da empresa. “Se a Stora Enso continuar seu projeto, o MST vai provocar mais conflitos, violência e até mortes, que causarão publicidade negativa internacional para a empresa”, teria dito Rodrigues, segundo o jornal.

A imagem construída pelo texto choca-se com minhas experiências sobre representantes do MST. Ameaças de provocar conflitos e sacrificar os próprios agricultores não estão em sintonia com nada que eu tenha ouvido antes deles. Que demônios teriam levado Rodrigues a falar deste modo?


Nas semanas seguintes, a Stora Enso frequentemente usou a citação em suas declarações públicas. Quando a empresa é criticada por suas ações no Brasil, ela brande as supostas ameaças de violência de seus oponentes. O Helsingin Sanomat publica uma resposta de Jouko Karvinen, executivo-chefe da companhia, em que ele ataca um pesquisador finlandês que estudou o assunto. É óbvio, sugere o texto, que o cientista está do mesmo lado dos violentos terroristas.


Até então, os finlandeses não tinham uma ideia clara do que é o MST, mas agora o movimento ganha rápida e notória reputação. É apresentado como um grupo terrorista.


Algumas semanas mais tarde, recebo uma mensagem do Brasil. As notícias sobre a repentina atenção da mídia finlandesa chegaram aos ativistas do MST. O autor da mensagem não pode entender de onde o Helsingin Sanomat obteve a citação. Assegura que Rodrigues não disse nada semelhante, durante o encontro.


Por desconfiança mútua, tanto o MST quanto a Stora Enso gravaram o encontro sem revelar o registro para a outra parte. Ambas as partes tinham prometido que não haveria gravadores e nada das discussões vazaria.


Como as promessas de silêncio já haviam sido quebradas, peço ao MST e à Stora Enso que me forneçam suas gravações. Dessa forma, a verdade poderia ser facilmente verificada.


O MST imediatamente envia-me uma fita de áudio. A Stora Enso recusa-se a fazer o mesmo.


O chefe de Comunicação Corporativa na Stora Enso, Lauri Peltonen, é novo em seu posto. Foi recrutado em 2009, por uma companhia atacada gravemente por publicidade negativa. A transferência da produção de celulose para o Sul provocou críticas ácidas nas duas pontas do processo. A comunicação da companhia durante a crise foi pobre durante todo o processo. Por isso, a Stora Enso aposta em Peltonen, esperando transformações radicais.


Peltonen desempenha bem seu papel. Vejo sua atuação mais tarde, num seminário de comunicações, onde faz uma apresentação sobre “A Stora Enso – uma das companhias mais responsáveis do mundo”. A audiência é constituída de colegas, cuja admiração aberta faz-me sentir um pouco inconfortável.


Depois da chegada de Peltonen, duas coisas sofreram mudanças drásticas. Primeiro, o aumento notável da atenção para a ética e ecologia. A velha Stora Enso não se preocupava muito com isso. Peltonen conseguiu o que antes distante executivo-chefe, Jouko Karvinen, voasse para a China para se encontrar com famílias de agricultores – em frente de câmeras fotográficas, é claro. A influência do chefe de comunicação também se fez notar quando Karvinen celebrou, com ativistas do Greenpeace, um acordo de proteção de florestas na Lapônia. A vitória do relações-públicas não exigiu muito esforço. Foi só uma questão de converter más notícias sobre o fechamento de fábricas e aumento do desemprego em agradáveis fatos “verdes” sobre a proteção das florestas.


A segunda mudança é a crescente agressividade da comunicação de crise da empresa. O incidente da fita gravada é um bom exemplo.


“Somos uma empresa de capital aberto”, diz Peltonen, quando lhe peço que me forneça o áudio do encontro em São Paulo, para checar se a citação do Helsingin Sanomat estava correta. “Uma empresa de capital aberto não pode mentir. No entanto, nossos oponentes não estão sujeitos a tais restrições”.


Peltonen parece ser uma sujeito cordial, mas ao telefone ele mostra-se, agora, surpreendentemente agressivo. Deve ser a característica pessoal de que se fala tanto. Fui colocada em sua lista suja, e ele subitamente parece transformar-se num captador de informações dedicado a seu trabalho – não um chefe de Comunicações.

Também penso: se eu não estivesse tão convencida de seguir a pista certa, desistiria com certeza. A autoconfiança de Peltonen é impressionante.

Não sou autorizada a ouvir a gravação. A desculpa é pobre. Ele diz que a fita está no Brasil e teria de ser embarcada para a Finlândia. No exato instante em que estou a ponto de dizer algo espirituoso sobre a introdução de tecnologia moderna no Hemisfério Sul, recebo uma mensagem eletrônica contendo a gravação do MST.

Embora seja longa, consigo encontrar o trecho utilizado na citação ameaçadora publicada no Helsingin Sanomat.


Está tudo claro, agora. João Paulo Rodrigues nada diz sobre o MST “provocar mais conflitos”. Ele apenas propõe uma trégua. Se a companhia aceitar retardar os planos de quadruplicação dos cultivos, haverá mais tempo para resolver as disputas de terra em andamento e os problemas ambientais. Do contrário, a situação vai se agravar, diz Rodrigues.


“O conflito no Rio Grande do Sul não tem a ver com a polícia militar. O conflito é sobre eucaliptos”, prossegue Rodrigues, na fita. “Ele terá sérias consequências ambientais”.



Publicamos as gravações e a tradução dos pontos principais no mesmo dia. Nas semanas seguintes, a fita será escutada pelo Helsingin Sanomat e pela Stora Enso. Ambas as partes publicam sua própria tradução do trecho. Ninguém é capaz de encontrar Rodrigues falando nada sobre provocar violência contra ninguém.

A Stora Enso não admite que mentiu. Em seu press-release, a companhia acusa todas as outras partes de mentir, mas não detalha as acusações.


Mais tarde, os repórteres do Helsingin Sanomat admitiram que realmente não haviam ouvido as fitas antes de escrever o artigo. Tinham confiado no relato de Lauri Peltonen sobre a conversa entre Pitkänen e Rodrigues.

Significa que o jornal publicou uma citação que obteve de Peltonen, sem mencionar que não ouviu a gravação e que a havia obtido de uma fonte não-isenta na disputa entre as duas partes. Depois da primeira publicação, a mentira foi repetidamente citada nas páginas do mesmo jornal, até que o debate finlandês finalmente chegou aos ouvidos de um ativista brasileiro.


É algo muito preocupante, por duas razões.

Primeiro: estamos testemunhando um lado mais sombrio da limpeza de imagem? Quando a direção da companhia está nos países nórdicos e os conflitos desagradáveis ocorrem no Sul do Brasil, é mais barato difamar os oponentes brasileiros na mídia nórdica do que desistir de projetos lucrativos porém questionáveis. É fácil travar uma luta desequilibrada. O que pode fazer um trabalhador rural brasileiro para limpar sua reputação na Europa, tendo de enfrentar todo o setor de ocmunicação de uma grande empresa?

Segunda razão: a checagem das fontes na mídia mainstream da Europa é tão frágil a ponto de tornar-se vulnerável a estratégias desavergonhadas como esta?


* Hanna Nikkanen é redatora-chefe de Fifi, um jornal electrónico finlandês, e jornalista de Voima, revista mensal alternativa. Hanna fala português


MAIS

Este texto, publicado no âmbito da parceria entre Outras Palavras e o Le Monde Diplomatique finlandês, é parte de um esforço para ampliar o debate sobre o modelo agrícola brasileiro, no mês em que o MST realiza uma série de manifestações em favor da reforma agrária.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Do Vale do Jequitinhonha para o Mundo.

Mineiro expõe seu trabalho sobre o Vale do Jequitinhonha na França
O Brasil tem várias facetas, e talvez a mais interessante delas seja a peculiaridade de seus regionalismos. Entretanto, não é nada fácil capturá-los, e – bem provavelmente – por isso mesmo, eles se tornam tão encantadores aos olhos de quem pode vivê-los, ou vivenciá-los.


Vilmar Oliveira, além de ter nascido no berço de uma das culturas brasileiras mais instigantes do mundo, a do Vale do Jequitinhonha, soube capturá-la como ninguém. E uma mostra de seu trabalho como fotógrafo poderá ser conferida na exposição “Jequitinhonha, portal dos meus sonhos”, que fica em cartaz no período de 9 a 17 de abril, na Maison du Patrimoine de Saint Julien les Villas; e de 20 a 30 de abril, no Hotel lê Magny, em Les Riceys.


A exposição que chega agora à França, já percorreu inúmeras cidades e instituições de Minas Gerais, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. Destaque-se ter, ainda, tido convite aberto para ser instalada em diversas capitais brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Natal. Os registros são de cidades como Araçuaí, Medina, Jequitinhonha, Capelinha, Jordânia, Pedra Azul e Virgem da Lapa, no Estado de Minas Gerais. Imagens de ricas manifestações culturais, modo de vida e artísticas, capazes de revelar um povo alegre, simples, sonhador e rico na valorização da sua cultura.


A exposição possui 25 fotografias, impressas em tecido, montadas em forma de standart (tamanhos variados), nas quais está registrada uma realidade sócio-cultural emaranhada por manifestações populares, circo, teatro, artesanatos, personagens e paisagens locais. Com o apoio do Fundo Nacional de Cultura, Vilmar Oliveira desvenda uma diferente estória a cada clique, conseguindo transformar aspectos culturais e políticos em imagens que emocionam.


Sobre o fotógrafo Vilmar Oliveira

Com trabalhos fotográficos focados em cultura popular, a poesia e o olhar social estão sempre presentes nos trabalhos desse artista. Por muitos anos de sua vida, ele se dedicou à vivência com índios, trabalhadores rurais, moradores de ruas e trabalhadores da reciclagem de Belo Horizonte. Vilmar Oliveira, nascido na cidade de Medina (MG), conhece bem os encantos e magias da região e seu povo.

Para ele, mostrar o Vale do Jequitinhonha é contar um pouco de si mesmo. Seus registros são, principalmente, de pessoas, festas e manifestações culturais da região – mostrando uma faceta alegre e cheia de vida do lugar que é classificado como um dos mais pobres do planeta. Seu trabalho reflete a intenção local para ser conhecida no Brasil e no mundo como uma rica região produtora de cultura.

Em 2007, Vilmar Oliveira lançou o belo catálogo-livro “Descendo o rio, os caminhos da cerâmica no Jequitinhonha”, premiado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional Brasileiro com menção honrosa. Trabalho este que mostra o artesanato como um dos mais importantes símbolos de expressão artística da região. A publicação, em espanhol, inglês e português, traz belas imagens, mapas indicativos e contatos de pousadas e artesãos do Vale do Jequitinhonha.

Com ampla atuação na área cultural, com viés no teatro e na produção cultural, estudou História no Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) e pós-graduou-se em Metodologia do Ensino Superior pelo Unicentro Newton Paiva.

Apesar de residir na capital mineira desde 1989, Oliveira se tornou uma das principais referências na arte de fotografar sua terra natal, sendo fotógrafo de várias atividades culturais da região, como o Festivale (Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha), Festeje (Festival de Teatro do Vale do Jequitinhonha), K-iau em Cena (Festival Nacional de Teatro da Cidade de Araçuaí), Programa Viva o Vale (da Avon Cosméticos) e diversos músicos e grupos de cultura local.

Este ano, fez fotografias para o Ministério da Cultura do Brasil no prêmio que leva o nome de uma das principais artesãs do local, Dona Izabel Mendes Cunha. Participou como fotógrafo exclusivo do catálogo “Com a cerâmica e a madeira do Vale do Jequitinhonha: vida e obra das artesãs Maria Lira Marques e Josefa Alves dos Reis”, da produtora Luz da Lua (Araçuaí/MG
Fonte: Descubra Minas

JILÓ É A ESTRELA DA 11ª EDIÇÃO DO COMIDA DI BUTECO EM BELO HORIZONTE


Comida di Buteco 2010

A capital mundial dos bares está em contagem regressiva para a chegada do dia 09 de abril, quando o Comida di Buteco tem início. 41 tira-gostos concorrem ao melhor na votação que reúne um júri especializado e, claro, os botequeiros que são uma verdadeira torcida organizada.


Em ano de Copa do Mundo, o jiló entra em campo com promessa de conquistar a nação verde-amarela e, convenhamos, gringa também. Criatividade, apresentação e principalmente sabor são decisivos na escalação e combinação de ingredientes do petisco concorrente.


“A escolha desse fruto é bastante feliz se contextualizarmos com o que vem acontecendo na gastronomia contemporânea: são trabalhados paralelamente modelos clássicos e novas técnicas, enaltecendo os produtos de raiz. O jiló é uma espécie "nativa domesticada" assim como o cará, a goiaba, a jabuticaba, entre outros. Com isso, como acontece com a culinária moderna, criamos novas receitas com um produto que faz parte do nosso ‘terroir’. É a ‘moderna culinária de buteco’”, explica Eduardo Maya, idealizador do concurso.


Comida de passarinho? Difícil de engolir? Nada disso. De acordo com o gastrônomo o jiló rende milhares de receitas. “Dá para viajar até a Ásia”, brinca Eduardo que só não convidou iguarias como a serralha em função da incerteza do fornecimento do insumo para os milhares de tira-gostos servidos nos botecos durante e após o período do Comida de Buteco.

“O público já espera pela novidade, por um ingrediente interessante e o jiló tem uma boa aceitação não apenas em Belo Horizonte como no Rio de Janeiro e Salvador. Suas possibilidades de utilização são surpreendentes. Ninguém deve ter medo do amargor dele”, conclui.

Esquema tático

Um ano de conquistas expressivas é o que vislumbra a Free Projetos, que realiza o Comida di Buteco em 11 cidades brasileiras. “Acredito que a empresa está num momento de ousadia, pois temos uma praça consolidada, três em consolidação, a retomada de cidades importantes e o começo em praças relevantes. É interessante lidar com esse conceito abrangente considerando os diferentes momentos de cada lugar”, analisa Flávia Rocha, sócia da empreitada.


Uma dos destaques da edição belo-horizontina, de acordo com a empresária, é a proposta do novo portal (http://www.comidadibuteco.com.br/) desenvolvido numa parceria entre Agência V7 e Aorta. Um espaço tão divertido e democrático quanto a mesa de bar. “Esperamos que o público receba e abrace o evento nesta edição. A vocação para a cultura de boteco sempre existiu na cidade, porém essa materialização no calendário vem trazendo muitas conquistas ao longo dos anos”, comenta.

Não por acaso foi sancionada no ano passado a lei nº 9.714 que declarou o município de Belo Horizonte como “Capital Mundial dos Botecos”. Ficou, ainda, instituído o “Dia Municipal dos Botecos”, a ser comemorado, anualmente, no terceiro sábado do mês de maio. Ou seja, na Saideira onde a concentração mais animada se encontra para comer, brindar, curtir atrações culturais de primeira e conhecer aquele que vai levantar a taça com orgulho.
PUBLICADO NA PÁGINA DO SENAC MG.

terça-feira, 20 de abril de 2010

PARA REFLETIR: Políticos dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

..."Deus me fez um cara fraco, desdentado e feio, pele e osso simplesmente, quase sem recheio..."

Chico Buarque/Caetano Veloso



Mentira. Engana-se quem pensa que Deus faz as pessoas assim. Enganam-se as pessoas que pensam que Caetano quis dizer simplesmente isso. Se analisarmos toda a música, veremos que o autor quis dizer uma coisa totalmente diferente.



Enganam-se os políticos que usam deste artifício para desculparem sua corrupção e safadeza. Deus não faz ninguém assim, mas os políticos sim. Basta olharmos pro lado que veremos pessoas desdentadas e famintas, principalmente nos " Vales do Jequitinhonha e Mucuri".



Será que Deus escolheu estas regiões para fazer as pessoas famintas, ou os falsos políticos encontraram nestas regiões um local fácil para retirar a comida, educação e saúde das pessoas simples?



Onde andam os filhos dos políticos dos Vales, em qual colégio estudam?



Certamente estão morando em Belo Horizonte e frequentando os melhores colégios de lá.



Até quando nós, que vivemos aqui, que quando muito estudamos em colégios estaduais, que não temos direito à saúde e não temos como fugir da exploração, serviremos de base de sustentação a esses políticos corruptos?



Até quando aguentaremos sobreviver nessas condições? E a partir de quando é que tentaremos mudar este quadro?



Chega de sermos tratados a"pão e circo", isto é, uma cesta básica na época das eleições, e um churrasco acompanhado de comício e show.



Onde estão as riquezas dos Vales, se as pessoas aqui passam fome?



A quem atinge a honra de termos no nosso subsolo as mais preciosas riquezas minerais e sermos conhecidos mundialmente por isto?



Quem são os nossos líderes?



Quem nos representa no quadro político nacional?



Não podemos permitir que pessoas que não conhecem nossa realidade, falem dela. Se não aceitamos ser operados por uma pessoa que não seja um médico, não podemos aceitar que pessoas que não nos conheçam nos representem.



Não é preciso milagres para resolver os nossos problemas, mas sim, trabalho e honestidade.



Basta de sermos iludidos pelos falsos profetas,que criam igrejas, criam religiões e criam partidos políticos para iludirem as pessoas e se satisfazerem.



Façamos um esforço. Lembremo-nos do passado. Analisemos o presente, para que no futuro não voltemos a colocar no poder, políticos corruptos e incapazes de nos representar.



Memória para lembrarmos de quem nos fez mal.



Podemos cometer erros, mas não repeti-los.



Autor: José Jansen Santana. Cidadão do Vale do Jequitinhonha. Texto escrito em 1996 , em Araçuaí.



Texto lambido do Blog do Téo Garrocho

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Não podemos deixar o papa decidir quem é criminoso

Christopher Hitchens, na Slate / 12 de abril

Em 2002, de acordo com o devoto colunista católico Ross Douthat, o cardeal Joseph Ratzinger pronunciou as seguintes palavras para uma audiência na Espanha:

“Estou pessoalmente convencido de que a constante presença na mídia dos pecados de padres católicos, especialmente nos Estados Unidos, é uma campanha planejada… para depreciar a igreja.”

Em 10 de abril, o New York Times – o aparente centro dessa “campanha planejada” – reimprimiu uma cópia de uma carta pessoalmente assinada por Ratzinger em 1985. A carta estimulava leniência no caso do reverendo Stephen Kiesle, que havia amarrado e torturado sexualmente dois pequenos garotos numa propriedade da igreja na Califórnia. Os superiores de Kiesle haviam escrito para o escritório de Ratzinger em Roma, suplicando para que ele removesse o criminoso do sacerdócio. O homem que agora é Sua Santidade o papa, em resposta, estava cheio de conselhos morais. “O bem da Igreja Universal”, escreveu, deveria vir à mente em primeiro lugar.. Devia-se entender que “particularmente no que diz respeito à pouca idade” do padre Kiesle, poderia haver grande “detrimento” causado “no interior da comunidade dos crentes em Cristo” se ele fosse destituído. O bom padre tinha 38 anos. Suas vítimas – não que a tenra idade delas, de 11 e 13 anos, parecesse ter importância – foram crianças. Nas décadas seguintes, Kiesle continuou a arruinar as vidas de várias outras crianças e foi finalmente preso por autoridades seculares após denúncia de molestamento grave em 2004. Tudo isso poderia ter sido evitado se ele tivesse sido encaminhado à justiça logo no início e se a diocese de Oakland tivesse chamado a polícia ao invés de escrito para o escritório em Roma onde era a função de Ratzinger amortecer e suprimir tais assuntos penosos.

Contraste isso com o caso ainda mais pavoroso da escola para crianças surdas em Wisconsin, onde foi permitido ao reverendo Lawrence Murphy acesso irrestrito a mais de 200 vítimas incomumente indefesas. Novamente o mesmo padrão: reiteradas petições da diocese local para que o criminoso fosse destituído (“unfrocked” – um termo bizarro se você parar pra pensar) recebidas com pétrea indiferença na burocracia rijamente administrada por Ratzinger. Finalmente, uma suplicante carta para Ratzinger do próprio imundo padre Murphy, queixando-se da fragilidade de sua saúde e pedindo para ser sepultado com todas as honras sacerdotais, em seu hábito. Que foi o que ocorreu. Enfim um apelo humano que não caiu em ouvidos surdos! (Perdoe a expressão.)

Então, em um caso um estuprador de crianças escapou do julgamento e se tornou um habilitado re-ofensor porque era muito jovem. No caso seguinte, um estuprador de crianças foi abrigado depois de uma carreira de tortura sexual de crianças deficientes porque ele estava muito velho! Quanta compaixão.

Deve-se notar, também, que todas as cartas da diocese para Ratzinger e de Ratzinger para a diocese preocupavam-se apenas com uma questão: isso poderia prejudicar a Santa Madre Igreja? Era como se as crianças fossem irrelevantes ou inconvenientes (como no caso dos garotos estuprados na Irlanda, forçados a assinar acordos de confidencialidade pelo homem que ainda é o cardeal do país). Note, em seguida, que existia uma política escrita, de obediência obrigatória e consistente de evitar o contato com a lei. E note, por último, que existia um preconcebido programa de propaganda de Ratzinger de culpar a imprensa se qualquer das condutas criminais e obstruções da justiça se tornasse conhecida.

O auge obsceno disso tudo ocorreu na Sexta-Feira Santa, quando o papa disponibilizou um sermão, lido por um subalterno, em que a exposição dos crimes de sua igreja era relacionada à perseguição e mesmo – esse foi um detalhe impressionante – aos pogroms contra os judeus. Eu nunca antes fui acusado de tomar parte em um pogrom ou linchamento, o que dizer de se juntar a uma turba liderada por crianças surdas estupradas, mas tenho orgulho de participar dessa.

A palavra-chave é Law. A partir do momento em que a igreja deu refúgio ao cardeal de Boston Bernard Law para poupá-lo da inconveniência de responder perguntas sob juramento, ela atraiu para si a metástase desse horror. E agora o tumor subiu exatamente para onde se esperaria – movendo-se do peito para a cabeça da igreja. E por qual poder ou direito o cardeal fugitivo está amparado? Apenas pelo acordo original entre Benito Mussolini e o papado, que criou o pseudo-estado da Cidade do Vaticano no Tratado de Latrão de 1929, o último monumento ao triunfo do fascismo remanescente na Europa. Isso já seria ruim o bastante, exceto que o próprio Ratzinger está agora exposto como responsável pessoal e institucionalmente por obstrução da justiça e proteção e habilitação de pederastas.

Não se deve culpar apenas a igreja. Onde estava a execução penal americana durante as décadas em que crianças eram predadas? Onde estava a lei internacional enquanto o Vaticano se tornava um asilo e fonte de proteção para aqueles que permitiram e executaram a predação? Folheie qualquer das reportagens sobre estupro e tortura infantil na Irlanda, Austrália, Estados Unidos, Alemanha – e saiba que ainda há algo muito pior a caminho. Onde está escrito que a Igreja Católica Romana é o juiz de seu próprio caso? Acima ou além da lei? Apta a utilizar cortes privadas? Permitida a usar fundos doados pelos fiéis para pagamentos de silenciamento a vítimas e suas famílias?

Há duas escolhas. Podemos engolir a vergonha, enrolar a Primeira Emenda da Constituição e admitir que certos crimes abomináveis contra cidadãos inocentes são assunto privado ou não são crimes se cometidos por padres e perdoados por papas. Ou talvez possamos nos livrar do terrível acumpliciamento que apresenta esse crime contínuo como um “problema” para a igreja e não como um ultraje às vítimas e ao sistema judicial. Não existe um advogado-geral nos EUA que se determine a representar as crianças? Ninguém no pomposo departamento da não-imunidade do advogado-geral dos Estados Unidos? Em Londres, como já informado pelo Sunday Times e pela Press Association, alguns experientes advogados de direitos humanos estarão desafiando o direito de Ratzinger de pousar na Grã-Bretanha com imunidade em setembro próximo. Se ele escapar, que escape, e que os fiéis se sintam orgulhosos de seu supremo líder. Mas isso podemos prometer, agora que sua própria assinatura foi encontrada na carta que deu permissão ao padre Kiesle para estuprar: haverá apenas um tema de conversa até Ratzinger decidir cancelar sua visita, e apenas um tema se ele decidir levá-la a cabo. De qualquer forma, ele será lembrado apenas por uma coisa quando já estiver há muito tempo morto.

* tradução: Daniel Lopes. O original

terça-feira, 13 de abril de 2010

Dilma: “Democrata que se preza não bate em manifestantes”

Discurso da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) durante encontro nesse sábado, 10 de abril, com sindicalistas no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo



“Estou aqui hoje e quero aproveitar este momento para me identificar com maior clareza. Os da oposição precisam dizer quem são. Vocês sabem quem eu sou, e vão saber ainda mais. O que eu fiz, o que planejo fazer e, uma coisa muito importante, o que eu não faço de jeito nenhum. Por isso gostaria de dizer que:

1 Eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Posso apanhar, sofrer, ser maltratada, mas estou sempre firme com minhas convicções. Em cada época da minha vida, fiz o que fiz por acreditar no que fazia. Só segui o que a minha alma e o meu coração mandavam. Nunca me submeti. Nunca abandonei o barco.

2 Eu não sou de esmorecer. Vocês não me verão entregando os pontos, desistindo, jogando a toalha. Vou lutar até o fim por aquilo em que acredito. Estarei velhinha, ao lado dos meus netos, mas lutando sempre pelos meus princípios. Por um País desenvolvido com oportunidades para todos, com renda e mobilidade social, soberano e democrático;

3 Eu não apelo. Vocês não verão Dilma Rousseff usando métodos desonestos e eticamente condenáveis para ganhar ou vencer. Não me verão usando mercenários para caluniar e difamar adversários. Não me verão fazendo ou permitindo que meus seguidores cometam ataques pessoais a ninguém. Minhas críticas serão duras, mas serão políticas e civilizadas. Mesmo que eu seja alvo de ataques difamantes.

4 Eu não traio o povo brasileiro. Tudo o que eu fiz em política sempre foi em defesa do povo brasileiro. Eu nunca traí os interesses e os direitos do povo. E nunca trairei. Vocês não me verão por aí pedindo que esqueçam o que afirmei ou escrevi. O povo brasleiro é a minha bússola. A eles dedico meu maior esforço. É por eles que qualquer sacrifício vale a pena.

5 Eu não entrego o meu país. Tenham certeza de que nunca, jamais me verão tomando decisões ou assumindo posições que signifiquem a entrega das riquezas nacionais a quem quer que seja. Não vou destruir o estado, diminuindo seu papel a ponto de tornar-se omisso e inexistente. Não permitirei, se tiver forças para isto, que o patrimônio nacional, representado por suas riquezas naturais e suas empresas públicas, seja dilapidado e partido em pedaços . O estado deve estar a serviço do interesse nacional e da emancipação do povo brasileiro.

6 Eu respeito os movimenos sociais. Esteja onde estiver, respeitarei sempre os movimentos sociais, o movimento sindical, as organizações independentes do povo. Farei isso porque entendo que os movimentos sociais são a base de uma sociedade verdadeiramente democrática. Defendo com unhas e dentes a democracia representativa e vejo nela uma das mais importantes conquistas da humanidade. Tendo passado tudo o que passei justamente pela falta de liberdade e por estar lutando pela liberdade, valorizo e defenderei a democracia. Defendo também que democracia é voto, é opinião. Mas democracia é também conquista de direitos e oportunidades. É participação, é distribuição de renda, é divisão de poder. A democracia que desrespeita os movimentos sociais fica comprometida e precisa mudar para não definhar. O que estamos fazendo no governo Lula e continuaremos fazendo é garantir que todos sejam ouvidos.

Democrata que se preza não agride os movimentos sociais. Não trata grevistas como caso de polícia. Não bate em manifestantes que estejam lutando pacificamente pelos seus interesses legítimos.

Companheiras e companheiros,

Aquele país triste, da estagnação e do desemprego, ficou pra trás. O povo brasileiro não quer esse passado de volta.

Acabou o tempo dos exterminadores de emprego, dos exterminadores de futuro. O tempo agora é dos criadores de emprego, dos criadores de futuro.

Porque, hoje, o Brasil é um país que sabe o quer, sabe aonde quer chegar e conhece o caminho. É o caminho que Lula nos mostrou e por ele vamos prosseguir. Avançando.

Com a força do povo e a graça de Deus.

Uma Questão de PAIXÃO CELESTE

O ÓPIO DO LÍNGUA

author: Lingua de Trapo  O Melhor das Gerais. Leiam e indiquem.



Sorry periferia cor-de-rosa!

Cruzeiro é o sexto melhor clube de futebol do planeta


De acordo com o ranking divulgado pela IFFHS (Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol), o Cruzeiro é o sexto melhor time do mundo. Com 256 pontos, 66 a menos que o líder Barcelona, a equipe de Belo Horizonte está a 18 de passar o poderoso Manchester United, da Inglaterra e entrar pela primeira vez entre os cinco melhores.

A lista é divulgada na primeira segunda-feira de cada mês e se baseia nos resultados dos últimos 12 meses de cada clube. A Copa Libertadores tem a mesma ponutação que a Liga dos Campeões. Cada vitória pelo torneio vale 14 e empate, sete. Já a Copa Sul-Americana recebe os mesmos valores da Liga Europa. São 12 por vitória e seis pela igualdade.



A grande surpresa do Top 10 é o Estudiantes, da Argentina. O atual campeão da América é o vice-líder na lista, com 284 pontos. Outros seis clubes brasileiros estão entre os 100 melhores do globo.


Confira os 10 primeiros:


1º Barcelona Espanha 322

2º Estudiantes Argentina 284

3º Werder Bremem Alemanha 284

4º Chelsea Inglaterra 281

5º Manchester Utd Inglaterra 274

6º Cruzeiro Brasil 256

7º Shaktar Donetsk Ucrânia 254

8º Arsenal Inglaterra 251

9º Roma Itália 236

10º Bayern de Munique Alemanha 230

Brasileiros

35º Internacional

43º Grêmio

49º São Paulo

50º Fluminense

57º Corinthians

70º Flamengo

139º Goiás

144º Botafogo e Coritiba

160º Atlético Mineiro